quinta-feira, 10 de junho de 2010

"Ainda sem nome"

Passando os olhos nos meus arquivos em pdf, achei o seguinte trecho...

Ela estava pálida, triste, desconfortavelmente pondo em dúvida o que era. Tornava-se, para mim, cada vez mais difícil presenciar a fragilidade dela. Quanto mais perto estivesse, ajudando-a em momentos de dificuldade, pior me sentiria. Sim, pois de uma maneira involuntária, haveria nutrição de que um possível sentimento recíproco fosse incorporado nela. Não foram pensamentos egoístas, diga-se de passagem, apenas uma divagação pela provável verdade em mim por trás dos acontecimentos.
Precisava ajudá-la e assim o fiz. Nunca a deixaria sozinha! Nem que para isso tivesse que matar o amor que existia em mim. Apertei sua mão com forçaa o su ciente para demonstrar que dali não sairia.

- E mais uma coisa, Tommy... - e parou, com um tímido sorriso de canto de boca - Se começar a chorar, paro imediatamente. Sabe como fica sensível...

De onde consegue tirar sarcasmo para o humor negro nessas situações juro que ainda não sei.

Não há necessidade de reproduzir exatamente o que ouvi. Marianne tinha dois irmãos: o mais velho, Michael, e a mais nova, Michelle. Seu pai abandonou a família logo após descobrir a terceira gravidez da esposa. Depois de alguns anos, um choque anafilático fez com que as três crianças perdessem a mãe. Descobri, posteriormente, que o alergênico responsável pelo choque de Mrs. Stamp foi alguma substância alcoólica e, repentinamente, toda a abstinência alcoólica de Mary fazia sentido. Trauma.

Alguns anos depois, o militar Michael fora escalado para participar das ações no Iraque e faleceu em batalha. Mais ou menos na mesma época, Marianne descobriu sua doença e, na justiça, perdeu a guarda de Michelle para familiares distantes por parte de pai.

Senti que ela chorava em silêncio. Não havia lágrimas, não havia sofrimento em seu rosto, mas de alguma forma pude perceber que por dentro estava despedaçada.

Ficamos em silêncio por quase uma hora, períoo no qual Marianne se dividiu em divagar aparentemente sem rumo e em observar, lacrimejando, Julius forçar Kyle a comer. Será que parte de seu sufocamento interno não provinha de uma sensação de culpa pelo que aconteceu? Nada poderia ter feito, mas era possível que se sentisse uma fraca por não prever, por não evitar que uma vida fosse castigada, que Kyle não precisasse passar pelo que ela passou. Natalie, de certa forma, havia avisado que aconteceria e ela não decifrou corretamente.

Acredito que deva ser do final do ano passado. Se até eu acho que ficou bom, é porque aquele meu dia deve ter sido péssimo. Quando digo que escrevo sobre mim (num sentido figurado, porque obviamente não sou nem o Thomas e muito menos a Marianne), ninguém acredita...

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