terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mary tem um novo namorado? Cassie está com ciúmes? São tantas perguntas...

Quando a vontade de escrever bate, você faz aquela sua história sem sentido criar vida...
Muitas vezes eu tenho vontade de esganar a Marianne, mas dessa vez ela guarda um segredo.

"Um silêncio reinou sobre nós. Daria tudo naquele momento para saber o que Cassie estava pensando. Não conseguia ao menos dizer se ela estava zangada. Quando finalmente quebrou o silêncio, pegou-me desprevenido com uma pergunta inesperada e surpreendente:
– Por que a chama de Mary?
Acho que deixei transparecer minha surpresa.
– Ela mesma ridicularizou o apelido hoje. E quando o fez, seu olhar foi fixo em sua direção... – continuou.
– Olhe, Cassie...
– Tommy, querido – e me interrompeu –, não estou fazendo julgamentos. Apenas gostaria de saber, e acho que tenho este direito.
Certamente que tinha. Não devia ser fácil para minha amada Cassie ter que encarar tal situação. Não conseguia de maneira alguma me colocar em seu lugar, deveria estar confusa e insegura.
Nunca disse... – e parei.
Se por um lado era difícil para ela, para mim era tão ou até mais difícil. Cassie se aproximou e sentou-se ao meu lado, segurando minha mão.
– O que quer que seja, querido, quero tomar o lugar dela em você.
Levantei-me, numa mistura de impaciência e raiva. Pus-me em frente à janela e observei a paisagem por algum tempo.
– Não quero que ocupe o lugar dela. Aquele lugar me machuca. Espero que me ame o suficiente para não me machucar desse jeito.
E novamente ela foi ao meu encontro. Por trás me abraçou forte e repentinamente eu me sentia seguro.
– Um livro... a fascinação de Hastings ao ver Mary Cavendish pela primeira vez. A frustração por saber que nunca a teria... Sempre fui Hastings.
Bruscamente Cassie me virou, e mais uma vez eu era incapaz de compreendê-la.
– O quê? – ela perguntou.
Não pude evitar o riso. Era claro que não havia entendido. Cassie não tinha nada de louca e anormal.
– Ela é fascinada por livros, livros específicos que lê várias vezes ao ano. Ela diz que os livros estimulam sua imaginação e a criatividade na hora de resolver... problemas. Sempre me chamou de Hastings e, embora se achasse Poirot, era a Mary Cavendish que Hastings se apaixonou a primeira vista. Era a minha Mary, enigmática, intocável, perfeita. Eu a amei ao ponto de ter que matar o antigo Thomas Felder para recomeçar. E é por isso que não quero que tome o lugar dela. Eu te amo mais do que tudo, Cassie, desse jeito.
Cassie me olhava fixamente. No fundo eu não sabia se tinha ido longe demais com o que eu realmente senti por Marianne, se havia contado mais do que ela havia pedido.
Sei que é demais  – continuei –, mas me pediu a verdade. E lhe dei a verdade.
– Sou grata por isso, Tommy.
Apesar das palavras de gratidão, sua expressão misturava pavor e sofrimento.  Foi quando aproximou-se ainda mais e beijou-me carinhosamente. Coloquei minhas mãos em sua cintura, enquanto as dela corriam pela minha nuca.
– Também te amo mais do que tudo, Tommy. – suspirou no meu ouvido.
Creio que foi nossa noite mais intensa. Nossos corpos se tornaram um só e por mim a noite nunca viraria dia. Não queria me separar de Cassie e daquela noite incrível que tivemos. Porém, infelizmente o dever nos chama.
Na manhã seguinte voltamos a nossos postos de professores entediados numa universidade ainda mais entediante. Inexplicavelmente tudo estava diferente: alunos agitados efusivamente discutiam alguma coisa que estava para acontecer.Enquanto Cassie e eu andávamos rumo à sala de reuniões, ouvíamos conversas aleatórias. Porém, uma conversa em particular chamou a atenção de Cassie, que me analisou sutilmente com o canto dos olhos.
– E aquela professora nova? – perguntou um dos alunos.
– Não é professora, cara. – o outro disse.
– Não importa, ela é muito...
– Olha o respeito! É a nova namorada do Engleman. Quando eles estiverem passando veja o brilho nos olhos dele. Está enfeitiçado pelos olhos azuis.
– Pelos olhos azuis? – e o rapaz riu – São a última coisa para se reparar na francesa.
Não deixava de ser engraçado. Francesa? Alemã e poderia se dizer que era uma reencarnação de Hitler, por mais que ele fosse austríaco.
Acho que já expressei minha antipatia pelo Engleman. As mulheres praticamente se ajoelhavam aos seus pés e ele tinha o prazer em destruí-las emocionalmente. Não me espantava que John Engleman tivesse uma nova namorada, porém me espantava que a nova namorada dele fosse Marianne.
Com todos esses pensamentos passei a perceber quão estranha era a situação em que me encontrava. As pessoas focavam em Marianne e eu poderia me envolver e contar tudo sobre nossas diversas aventuras. Não que eu quisesse, mas era natural. Pois afinal eu estava há alguns anos sem notícias de Marianne e passamos pelo menos o dobro juntos. E quanto mais eu pensava nisso, mas aterrorizante tudo ficava, porque além da presença de Marianne, eu tinha que lidar com o fantasma que ela traz consigo. Eu era grato, todavia, pelo anonimato que ela continuava me dando. Ela podia ter todos os defeitos, mas era generosa quanto a isso.
Ao entrarmos na sala, vimos alguns professores desordenadamente conversar no lado direito, enquanto Engleman e Marianne sussurravam, concentrados, sentados em volta de uma das mesas. Meus amigos Bount e Lawrence se encontravam esboçando fluxogramas na lousa. Engleman, percebendo sangue novo na sala, levantou seus olhos, que vieram em nossa direção.
Bom dia, Felders.
– Bom dia, John. – disse Cassie.
– Engleman. – eu disse, completamente sem vontade.
E nisso os famosos olhos azuis de Marianne encontraram os meus.
– Ms. Stamp. – continuei.
– Bonjour, Mr. e Mrs. Felder. – Marianne disse.
E fez uma pausa antes de continuar:
– John, dê-me um momento.
E nisso se levantou, rumo à porta. Pude observar perfeitamente a reação de Engleman ao ver Marianne sair. Era realmente mais um tolo enfeitiçado."

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mi fai languir...

A melhor mezzo soprano do mundo.



Havia algo desde ontem na minha frente que não tinha coragem de abrir. Hoje, entre o fá sustenido e o sol da partitura de "Sebben crudele", criei coragem.

Não é justo... isso não se faz. Uma coisa é querer tirar um peso das costas, outra coisa é brincar com os sentimentos das pessoas. Se a revolta é tanta, não havia necessidade de deixá-lo. Se a revolta foi tanta, ao ponto de pouco se lixar para o que acontece, por que deixá-lo?

Estava bem, estava me recuperando... e mais uma vez ele aparece para me jogar no chão. Mais uma vez ele aparece para pisar em mim e se sair bem. Está se sentindo bem com o gesto? Espero que esteja.

Amanhã é um dia crucial. É o dia de colocar ponto final em muitas coisas e bem provavelmente passar a borracha nesses quase 4 anos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Change

Lembro de duas músicas no momento... "Change", da LeAnn Rimes e "Change" da Carrie Underwood. E ao som dessas duas músicas bem diferentes venho escrever...

A vida vem me ensinando algumas lições. A que provavelmente foi a mais importante veio via facebook por uma pessoa muito querida e muito presente na minha vida nesses últimos meses:

O URSO E A PANELA

Um grande urso, vagando pela floresta, percebeu que um
acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em
brasas, e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina
já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda
sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo.

Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe
atingindo. Na verdade, era o...
calor da tina...
Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde
mais a panela encostava.

O urso nunca havia experimentado aquela sensação e,
então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como
uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar
muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a
panela quente contra seu imenso corpo.Quanto mais a tina
quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu
corpo e mais alto ainda rugia.

Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram
o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira,
segurando a tina de comida.O urso tinha tantas
queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso
corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar
rugindo.

Não era para mim, mas serviu para me trazer lágrimas e reflexões sobre o que anda acontecendo. Muitas vezes é preciso desapegar para continuar. Muitas vezes é necessário recomeçar, e recomeçar do zero. Vai doer, vai te jogar no chão... mas valerá a pena. Ontem, pela primeira vez em quase três meses eu me senti bem, sem fuga, sem ansiedade. Feliz, correndo com os meus sobrinhos, falando muita besteira e vivendo. Vivendo pelas pessoas que valem a pena.

Se eu sinto falta? Todos os dias. Mas hoje está doendo muito menos do que estava há 1 semana. E exatamente há 1 semana eu estava desesperada, confusa, insegura e esperando um único gesto, gesto bem simples que independia de animosidades. Eu esperava que fizessem por mim o que eu faria pelas pessoas. O gesto não veio na semana passada, não veio na outra, nem na outra... Ingenuidade e inexperiência.

O fato é que hoje me sinto muito menos culpada do que me sentia no dia 18 de novembro. Aliás, não me sinto mais culpada pelo que não fiz. Às vezes provar do próprio veneno acaba te mostrando quem as pessoas realmente são e quem você tem ao seu lado.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Once upon a time

Era uma vez duas pessoas e um incidente. Um incidente triste que traumatizou A. B esteve ao lado de A em todos os momentos. Só que o incidente ocasionou numa depressão em A, depressão que se manteve grave por alguns meses. B achou que era necessário jogar na cara de A que esteve ao seu lado.

Moral da breve fábula: às vezes ficar sozinho é melhor. Compreensão faz parte de uma amizade. Apoio (muitas vezes incondicional) também.

É muito fácil usar os seus fantasmas para se esconder e esculhambar com o dos outros. É muito fácil usar um momento de crise para terminar de destruir alguém.

Não faz parte de mim usar o que eu sei contra as pessoas. Mas hoje eu vejo claramente que não está ao meu lado. E, às vezes, se está, é para depois voltar contra mim tudo o que eu me abri.

Hoje eu posso dizer que definitivamente perdi o resto de confiança que possuía na raça humana.

Agradeci a duas pessoas pelo que aconteceu semana passada. Depois pensei que havia sido injusta, que seriam três pessoas.

São exatamente duas. Porque a terceira me fez perceber que não posso contar com ela.