quinta-feira, 22 de julho de 2010

Nobody sees

I'm feeling sad, I'm feeling blue...

Gostaria que as pessoas pensassem antes de falar. Gostaria que parassem de me machucar. E também gostaria de parar de passar as noites chorando e conseguir dormir. Não são coisas absurdas.

Desde junho de 2007 crio escapes para a minha dor. E passei a criar esses escapes após 3 meses de depressão contando os dias sem ela. O Bruno me jogou na cara diversas vezes que esteve no velório dela. Agradeço até hoje pelo apoio, mas eu nunca pedi para que se preocupasse. A única pessoa que ofereceu o ombro sem que precisasse perguntar nada foi o Rina. Eu não queria falar, só queria chorar, chorar por ter perdido precocemente a única pessoa que importava.

Há males que vêm para o bem, e precisei juntar as minhas fracas forças com as da minha mãe para que conseguíssemos superar a perda. Até que, em junho do mesmo ano, comecei a cantar. Definitivamente, quem canta seus males espanta, mas espanta periodicamente. Não estava curada da depressão e não serei hipócrita dizendo que estou curada hoje, mas encontrei a droga que curava minha alma dolorida: a fuga. E desde então eu fujo todo santo dia para não pensar em quanto dói não ter ninguém.

Nasci dia 10 de março de 1989 e minha mãe tinha 42 anos na época. Veja, deve ser muito difícil ter uma menina e se torna ainda mais difícil depois de 10 anos após o último filho já com 42 anos. Fui uma criança feliz, jogava futebol todo dia com meus primos, saía com meu irmão mais velho, era uma aluna exemplar. Mas nunca fui adolescente, porque quando a adolescência chegou, fui obrigada a ser adulta. Não me importo de nunca ter tido uma conversa franca com a minha mãe sobre drogas, sexo, DSTs e blá blá blá. Cresci muito rápido e amadureci rápido também, então não me fez falta. Porém ao perder essa parte da vida, perde-se o mais importante da vida de uma mulher: o relacionamento entre mãe e filha. Minha mãe é só minha mãe e não uma amiga. Hoje, ela me conhece menos do que qualquer pessoa e não há mais como mudar nosso relacionamento: por mais que haja amor, porque eu a amo mais do que tudo nesse mundo, não há amizade. Sou chantageada por causa disso e só Deus sabe o que eu sofro na mão dela, mas não tem o que fazer. As feridas foram me modelando, ou pelo menos assim parece ter sido até 2007.

Mas chegou 2007 e junto com esse maldito ano o sentimento de estar perdida, a insegurança, a tristeza profunda. Passei a odiar tanto a minha vida, que sem o ódio eu era vazia. Mas por que eu a odiava? Todo mundo se perde pelo menos uma vez, insegurança faz parte... Odiava minha vida porque eu não sabia mais quem eu era. Passei tanto tempo tentando me analisar que me perdi no meio do caminho. Hoje, sei menos ainda quem eu sou. Há tantas partes de mim espalhadas que não sei quem eu sou e acabo me sentindo ainda mais vazia.

Atualmente não tenho uma razão para viver. Simplesmente deixo os dias passar, sabe-se lá como. Nem mais a matemática me anima. Não quero estudar, não quero aprender, só quero paz, uma paz que não tenho há 3 anos. Sinto-me, mesmo cercada por multidões, sozinha, completamente sozinha.

O caminho da UFABC para casa hoje foi aos prantos, e tudo porque percebi que não sei se quero mais o que venho lutando para conseguir. Ok, não é bem verdade porque o que me fez parar para pensar em mim foi exatamente a palavra "agora". Em que contexto não convém dizer, mas essa palavra deu um sentido que me deixou irritada. Não sei o que acontece com Santo André que me deixa aparentemente forte, mas a partir do momento em que piso na estação de trem rumo a São Caetano, minha fortaleza desmorona e foi chorando que voltei para casa, desde o trem em Santo André até minha casa em São Caetano.

Não tenho conseguido dormir. Problemas no estômago (uma provável gastrite nervosa) e agora sou eu emocionalmente que não me deixo dormir. Não sei há quanto tempo não durmo decentemente. Choro na maior parte da noite, cochilo, tenho um princípio de pesadelo e volto a chorar. Fugir não me ajuda mais, minha hiperatividade não faz efeito. As drogas não fazem mais minha dor passar. Estou sangrando e essa hemorragia sem fim vai acabar me matando. A última noite foi particularmente cruel, porque além de perdida, sinto-me inútil, estúpida, ignorante, burra (os sintomas clássicos da crise existencial pós-prova) e não aguento mais. Não aguento mais ser machucada, não aguento mais me decepcionar com todos ao meu redor. Alguma exceção? Ana, o que seria de mim sem você?

Quero acreditar em alguma coisa, porque não tenho onde me segurar. Desiludida, machucada, perdida, sozinha, vazia. Não aguento muito mais tempo.

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