sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

New way to see life?

Este será um post estranho, meio desconexo.

Por falta de psicólogos, segunda-feira tive consulta com uma psiquiatra. Expliquei minha situação e ela disse que meu transtorno de ansiedade é leve (e que houve evolução para síndrome do pânico leve), mas que, visto os sintomas que apresento (um em particular), era aconselhável começar a tomar remédio. Disse a ela que se fosse imprescindível, tomaria, mas não era a minha intenção: quero aprender a lidar com isso. Não sei se foi a coisa certa a fazer, mas foi uma decisão que tive que tomar em segundos e, se eu quiser, tenho como voltar atrás.

Logo na terça veio a resposta de concessão da bolsa de mestrado da FAPESP, o que me deu uma outra forma de enxergar o andamento das coisas. Talvez porque a maior parte dos meus problemas tinham sumido, de forma boa ou ruim (não importa), eu foquei em um em particular: meus problemas atuais com o canto.

Parei de olhar como uma coisa negativa e comecei a me questionar o que estava errado. E descobri o que estava errado, descobri o que é que me joga para baixo (pelo menos na maior parte das vezes e na maioria das coisas que faço): é a falta de confiança. E aí tive uma visão ainda mais clara de tudo que faz parte da minha vida.

Minha cabeça me boicota em boa parte dos dias. E me auto-destrói quase todos os dias. No momento, cantar é o que dá mais trabalho porque exige amadurecimento, uma coisa que não surge de um dia para o outro. Passei por momento semelhante durante a graduação. Analisei todas as fases da minha vida...

Num desses momentos de reflexão, pedi algo a uma pessoa. Era algo que se não fosse feito (na verdade, se fosse feito) me deixaria acabada... e não sei se conseguiria continuar. Esse questionamento é uma maneira de enfrentar os problemas e tomar uma porrada poderosa nesse momento pode ser "fatal", sem recuperação.

Foi aí que surgiu uma conexão que eu não esperava, uma semelhança psicológica que eu não enxerguei... e me pegou, de forma boa, de surpresa.

A nossa sociedade é extremamente preconceituosa. O que eu tenho, apesar de ser um distúrbio psicológico, não é sério. Graças a Deus. Mas mesmo sendo algo leve, as pessoas sofrem com o preconceito. Preconceito porque as pessoas não entendem quão duro é lutar contra substâncias (?) que seu corpo fabrica. Que é duro controlar a sua cabeça quando ela quer te enlouquecer. E que esse preconceito, dentre outras coisas, ocasiona em depressão. Eu descobri o meu "problema" agora, mas conheço gente que lida com isso há muito tempo.

Torna-se quase proibido falar sobre o que sentimos porque ninguém entende. E as pessoas dizem, independentemente do seu transtorno mais leve (que são vários), "procura ficar calma". Peça para um autista parar de gritar, peça para um esquizofrênico não ter convulsões. Não, não são as mesmas coisas, mas pessoas com TOC, PTSD, TAG (meu caso), TGH também têm seus cérebros fabricando "substâncias" que não deveria. E também passam a ter distúrbios que são encarados como frescura/loucura.

Descobri alguém que lida com isso desde que nasceu. Nasceu com um transtorno psicológico e passou por muita coisa ruim durante seus anos de vida. Que lida com a vontade de se matar até hoje, mesmo já tendo tomado remédios, e que lida com os diversos efeitos que esse transtorno causa. E pela primeira vez na minha vida eu consegui ter uma panorama mais claro da situação, pela primeira vez eu consegui ter "conselhos" sobre o que pode ser feito para controle.

Basicamente ficamos duas horas no telefone (e eu odeio telefone). Numa conversa franca e que me abriu os horizontes. Que me ajudou a perceber qual é a realidade da situação... Você tem que lutar todos os dias. E vai ter que lutar pelo resto da sua vida. Você precisa de foco, você precisa de coragem e de muita vontade.

Vai chorar, vai espernear, vai ouvir as pessoas te dizendo que é mal educada, que é frescura, vai querer jogar tudo pro alto, vai se achar o lixo mais fedido do mundo, vai querer se matar. Mas precisa parar e respirar, precisa não tomar decisões no calor do momento. Precisa fugir, pelo menos por hora, se for preciso.

Algo aconteceu hoje que me deixou muito feliz. Na verdade aconteceu uma coisa que deixou essa pessoa super feliz e correu me contar. Eu fiquei muito, mas muito feliz, principalmente pelo que aconteceu recentemente.

É estranho... mas parece que agora temos um laço meio forte. Uma semelhança que nos une e faz com que a confiança seja extrema. E mutuamente.

Um comentário:

  1. me senti tao idiota por todos aqueles "fica calma" q eu te disse :( mas fora essa desordem bioquimica, vc ainda precisa acreditar mais em vc, pq tem gente q acredita em vc :)

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