Hoje, jogando papéis fora (uma vez que estamos de mudança) encontrei um pedaço de papel que tinha, como título, "As crônicas de Thomas Felder". Quanta saudade do Tommy, quanta saudade de encarná-lo e escrever sobre a vida.
Várias coisas são curiosas... há algum tempo o Tommy era real pra mim... acho que todo escritor acaba tornando real seus personagens, por mais amador que o escritor seja. O mais curioso nisso tudo é o tema sobre o qual Tommy escrevia.
Na íntegra, segue um texto escrito só Deus sabe quando...
"Amar, ser amado, entregar-se de corpo e alma a alguém especial, romper barreiras criadas para proteção. Ser feliz. Ser essencialmente feliz, realizado emocionalmente e sexualmente. Tudo tão bonito na teoria...
Não existe par perfeito, não existe felicidade absoluta. Existem apenas momentos de alegria que duram um tempo finito. Amores chegam, amores vão e os momentos de felicidade são ofuscados pelas dores, pelas feridas abertas durante o processo.
Mas por quê? Não deveríamos guardar as lembranças boas e jogar o resto no lixo? A felicidade que importa é a eterna, e como nem nossa estadia é eterna, os golpes doloridos tomam lugar.
Talvez a vida não seja feita para que sejamos felizes. Talvez estejamos nesse mundo apenas para cumprir missões (divinas ou não, deixo isso para os religiosos). O planeta gira e sempre chega ao mesmo lugar (a menos de mudanças em sua órbita, deixo isso para os físicos), por que nós, meros mortais imperfeitos, devemos atingir o estado de felicidade absoluta para sempre?
E quando essa felicidade se concentra em estar com alguém, um alguém específico tão imperfeito quanto nós, por que acreditar que tudo será diferente? Homens tentam entender as mulheres e vice-versa, mas será que é possível tal fato? A vida não seria simples e feliz? Não devemos ser felizes, devemos sofrer para podermos nos levantar e seguir em frente com as feridas que esta tão maravilhosa vida nos proporciona.
Feridas, cicatrizes profundas que modelam vidas. Causam catástrofes pessoas, catástrofes sentimentais e até profissionais. Como superá-las? Há como superá-las?
Após anos me despedaçando por causa de Marianne, chego à conclusão de que não é possível. Suas dores internas crescem, consomem-te, fazendo de seu ser um alguém irreconhecível, inescrupuloso, que busca a fuga dos ultra-românticos para conseguir paz."
O que consigo pensar é... man, o que a Mary fez com ele? Sim, uma pergunta... porque não faço idéia do que eu estava pensando quando escrevi isso. O que eu queria com isso? Não sei. E pior é que não sei nem qual era o "projeto"...
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